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sábado, 14 de dezembro de 2013

Dirceu, preso; Jefferson, solto. Um escárnio...


JUDICIÁRIO E JUSTIÇA



Não é de hoje que dizemos aqui: o Judiciário brasileiro é uma lástima, um descalabro.

Elitista, patrimonialista, aristocrático, oligárquico, retrógrado, tacanho, fechado, obtuso, antidemocrático... e por aí vai.

Quem nos acompanha aqui no ABC! sabe que desde 2011 pedimos a democratização da Justiça, a derrubada da "Ditadura do Judiciário".

As más línguas, defensoras da bandidagem que lesa a blogueira, até em autos de processos atacam esta cidadã, futricando que Sonia Amorim "atira lama" no Judiciário.

Não "atiro lama". Emito opinião. Garantia constitucional.

Quem emporcalha o Judiciário brasileiro é sua banda podre. Por vezes em conluio com a banda podre da advocacia.




DIRCEU: UM MÊS PRESO; JEFFERSON: UM MÊS SOLTO


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Justiça brasileira se supera no paradoxo; condenados na mesma Ação Penal, ex-deputados José Dirceu e Roberto Jefferson completam um mês de destinos diametralmente opostos; no Complexo da Papuda, no quente Distrito Federal, ex-presidente do PT experimenta regime fechado como qualquer preso comum; Jefferson, curtindo seu sítio Jardins Ana Lucia, na aprazível Levi Gasparian (RJ), anda de moto, comemorou esta semana a classificação do Botafogo à Copa Libertadores e fez seus advogados registrarem oficialmente que ele não pode ir para a cadeia em razão da dieta que inclui salmão defumado, suco batido com água de coco e leite com baixa lactose; escárnio ou aproveitamento no limite das contradições da Justiça brasileira, tristemente famosa por tratar uns como mais iguais que outros 

247 – De capacete preto e bigodinho, Roberto Jefferson parou por instantes sua moto em frente ao seu sítio Jardim Ana Lúcia, na aprazível Levi Gasparian, interior do Rio de Janeiro, próximo à divisa de Minas Gerais, e concedeu à tevê uma de suas muitas entrevistas dos últimos dias.

Tranquilo e, vez e outra, com a camisa do Botafogo, bem à vontade, Jefferson completa neste sábado 14 um mês de liberdade desde que, na mesma ação penal em que foi condenado a 7 anos e 14 dias em regime semiaberto, seu colega José Dirceu foi encarcerado em regime fechado, indo parar no Complexo da Papuda, na calorenta Brasília. Ali, o ex-presidente do PT é mais um preso comum, com água fria no chuveiro, banho de sol restrito e isolado do mundo exterior.

O ministro Marco Aurélio Mello explicou, questionado sobre a disparidade no tratamento dado pela Justiça, por meio da caneta do presidente do STF, Joaquim Barbosa, aos dois condenados, que as penas são distribuídas "homeopaticamente". Feita sob medida para o bem estar de Jefferson até aqui e o mal estar de Dirceu desde o primeiro autógrafo nos decretos de prisão, a homeopatia de Barbosa gera efeitos diretos e colaterais.

Consolidam-se as interpretações de que estão sendo usados pelo menos dois pesos e duas medidas para punir os condenados e seu delator. O benefício evidente é todo de Jefferson.

De seu sítio, ele vem narrando todos os passos de sua defesa, mas não apenas. Chegou a recomendar aos juízes do Supremo o voto contrário à Adin da OAB que visa acabar com o financiamento de campanhas eleitorais com o dinheiro de empresas e doadores privados. Antes, alegou que não poderia cumprir pena no presídio da Papuda porque não pertenceria ao mesmo meio dos outros presos. "O ambiente seria muito hostil para mim", ironizou.

Em seus desafios nada sutis ao cumprimento da Justiça, ou alegrando-se com a falta do decreto contra si próprio, Jefferson, é certo, quer prosseguir nessa situação. Primeiro ele alegou fragilidade de saúde, mas uma junta médica garantiu que o ex-presidente do PTB não enfrenta problemas graves. Agora, seus advogados registram oficialmente que o condenado não pode cumprir pena em prisão – mas apenas em casa – em razão de sua dieta alimentar: salmão defumado, geleia real, suco batido com água de coco, leite com baixa lactose.

Joaquim Barbosa deverá decidir se Jefferson tem direito ao que pede, isto é, ficar em casa para manter sua alimentação saudável. É bem capaz que Barbosa queira começar a melhorar a qualidade do regime domiciliar exatamente pelo caso exemplar de Roberto Jefferson, premiando-o pela iniciativa. 

Façam suas apostas.


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