Tradutor

quinta-feira, 15 de março de 2012

Há "Vida Inteligente" na Blogosfera Brasileira





Tem gente que acha que "escrever bonito", "enfeitando", é escrever bem, e que post bom tem que ser quilométrico, pernóstico, rococó e enfadonho.


Felizmente nem tudo é mesmice, aridez, narcisismo e fanfarronice na Blogosfera Brasileira. Há também "ilhas de excelência", texto bem escrito, sem afetação, que dá o recado "na lata".


Um post simples, que denuncia e faz críticas ácidas a diversos temas de uma sociedade complexa, desafiadora e muitas vezes iníqua.


Sou fã desse Japa!


Dá-lhe, Sakamoto!


Você anda se irritando com qualquer coisa?


Leonardo Sakamoto

Não me irrito com o fato de idosas senhoras serem deportadas de países amigos por não preencherem os requisitos desejados pelo governo após um longo tempo detidas para averiguação.

Nem por uma mulher ganhar menos que um homem exercendo a mesma função, com a mesma competência, na mesma empresa.

Nem com o atropelamento de ciclistas e pedestres por conta da ignorância coletiva de uma cidade motorizada.

Nem com o surgimento imediato de centenas de sem-teto após desocupações patrocinadas pela especulação imobiliária.

Nem com ruralistas que tentam aprovar leis que promovem terra arrasada nas florestas do país.

Nem com quem prega que índio é tudo bêbado e indolente, feito os “primos” deles, os bolivianos, que vêm emporcalhar a cidade.

Nem com quem defende a justificativa de crimes passionais para atenuar um homicídio.

Nem com pretensos deputados patriotas que acham que estão defendendo a nação ao passar a régua sobre direitos dos trabalhadores, rifando a qualidade de vida das futuras gerações.

Nem com aquela gente fina que sobe o vidro do carro ao ver um negro pobre no cruzamento.

Nem com amebas que acham que simplesmente tocar em uma pessoa com HIV positivo mata.

Nem com juízes que concedem autorizações para que crianças com menos de dez anos trabalhem e defenestrem sua infância.

Nem com autointitulados representantes do divino que adorariam ver mulheres que abortaram ardendo, não no inferno, mas por aqui mesmo.

Nem com quem pensa que sonegar nada mais é do que fazer justiça fiscal com as próprias mãos.

Nem com homens da lei que fazem bico de jagunços e tocam o terror, adubando o chão da Amazônia e da periferia de São Paulo com sangue.

Nem com idiotas que espancam gays nas ruas porque não conseguem conviver com a diferença.

Nem com pais e mães que acham que trabalho infantil enobrece o caráter.

Nem com militares da reserva que ficam tomando chá da tarde com bolinhos de chuva, falando mal da democracia e arrotando tortura.

Nem com o trabalho escravo e quem diz que ele não existe por lucrar com ele.

Nem com filhinhos-de-papai que queimam índios, matam mendigos e estupram meninas por aí, pois sabem que ficam impunes.

Nem com aquele pessoal funestro que prefere ver uma pessoa urrando de dor em uma cama de hospital ou sedada de morfina 24/7 do que lhe conceder o direito de finalizar a própria vida.

Nem com empresários de sorriso amarelo que, na frente das câmeras, dizem que vão mudar o mundo e, por trás delas, poluem, destróem, exploram, enganam.

Nem com administradores públicos que adotam políticas higienistas para expulsar os rotos e remendados das ruas das cidades.

Nem com aqueles que consideram uma aberração um casal do mesmo sexo adotar uma menininha linda.

Nem em quem bate em mulher porque acha que é homem.

O que me irrita, de verdade, e me tira do sério, é ver o meu Palmeiras não ganhar um título importante há tempos. Além do trânsito, é claro.



Blog do Sakamoto


*

SP: Por que familiares querem a casa da Blogueira?



Com a palavra, os ditos familiares. O Abra a Boca, Cidadão! é veículo de comunicação da Blogueira, expressa suas opiniões, mas a qualquer momento, democraticamente, abrirá espaço para que o "outro lado" se manifeste: familiares, advogadas, magistrada, servidores públicos e outros apoiadores. O ABC! só não publicará comentários anônimos, escritos por "línguas-de-aluguel".


Como contei pra vocês no post de segunda-feira, 12, eu processo no Fórum Penha de França a senhora Roseli Velucci e seus filhos, Geraldo José de Amorim Jr., Adriana de Amorim Prudente e Ana Paula de Amorim Gonçalves, numa Ação de Obrigação de Fazer, pois sou impedida por eles de dispor livremente de imóvel a mim legado por meus pais.


                            Casas adquiridas pelos pais da Blogueira  em 1972.
                     Imagem: Google Maps.


Em 1972, meu pai José e minha mãe Geralda adquiriram, sem qualquer ajuda financeira dos filhos, o imóvel acima, constituído por duas casas independentes, em dois lotes, um ao lado do outro, no pequeno e pacato bairro de Engenheiro Goulart, Penha, zona leste da cidade de São Paulo.


Com o falecimento de meus pais em 1996, descobrimos, eu e meu irmão Geraldo, na época casado com a Dona Roseli e morador na casa amarela, descobrimos que havia uma documentação única para as duas casas e que seria preciso regularizar uma construção clandestina (sobrado) que ele fizera no fundo da casa dele para conseguirmos a separação (desmembramento) dos imóveis.


Tecnicamente isso era algo até simples, mas meu irmão e esposa, sabe-se lá por que, não concordaram com a solução pacífica da questão, cruzando os braços e se recusando a regularizar. Não tive alternativa: denunciei a construção ilegal, obrigando-os a dar início a processo de regularização na Subprefeitura da Penha.


Em 2005, com o agravamento do estado de saúde de meu irmão, acometido por um câncer, ele concordou em celebrar comigo um Contrato de Divisão Amigável de Imóvel. Eu mesma redigi o contrato, com a supervisão de uma advogada amiga. Ele tem cláusulas muito claras, como podem ver a seguir:


               Partes contratantes: Sonia, a Blogueira, seu irmão Geraldo e
                    a Dona Roseli, cônjuge do sr. Geraldo.


   A cada um o que é seu por direito: a casa de Sonia para Sonia, a de Geraldo  para Geraldo e família, como determinaram os pais da Blogueira. 


                Cláusula importantíssima: cada parte aceita sua parte e não 
            "crescerá o olho" e tentará tomar a parte do outro... 


                Assinaturas das partes contratantes: Blogueira e seu irmão.


                     Assinatura da cônjuge, Dona Roseli, e testemunhas.


Bom, acho que vocês, que são muito mais espertos que eu, a esta altura já "sentiram o drama" e imaginam o que aconteceu, não é?


O irmão da Blogueira faleceu e a Dona Roseli e filhos, herdeiros e sucessores, simplesmente resolveram complicar a vida desta que vos fala e não honraram o contrato assinado, abandonaram o processo de regularização que estava em andamento na Subprefeitura Penha, que foi arquivado, e a Blogueira foi obrigada a ir bater às portas da (In) Justiça...


Absurdo dos absurdos: a Blogueira precisou recorrer ao Judiciário para que a construção ilegal feita pelos familiares seja regularizada, para que os imóveis sejam então desmembrados e para que ela, Blogueira, possa dispor livremente daquilo que é seu, que lhe foi dado por seus pais. Por isso a Blogueira processa seus familiares. Não porque é "má" ou porque "não gosta da família", como eles adoram espalhar por aí, mas por que HÁ 14 ANOS ESTÁ SENDO IMPEDIDA DE DISPOR DO QUE É SEU!


A alma humana é verdadeiramente insondável. Não sabemos o que se esconde em seus meandros mais recônditos. 

O que pode explicar tamanha ignorância por parte dos familiares da Blogueira, todos adultos, maiores de 35 anos, de nível universitário e família constituída? O que pode justificar comportamento tão irracional? 


Como declarou "sabiamente" nos autos do processo a advogada dos familiares, "Dinheiro não dá em árvore". Quanta argúcia e sapiência! E como dinheiro não dá em árvore, é preciso ganhá-lo. Ou, na pior das hipóteses, quem sabe, tomá-lo à força, quando a outra parte está sozinha e fragilizada...


Dona Roseli e filhos não têm direito a 1 milímetro sequer do imóvel da Blogueira, e obrigam a Blogueira a mobilizar todo o aparato do Poder Judiciário Brasileiro (fórum, tribunais, magistrados, serventuários da Justiça, cartórios etc. etc.), anos e anos, para que possa ter de volta o que lhe foi tirado e para que seu DIREITO À PROPRIEDADE, direito humano fundamental, violado pelos familiares, seja reconhecido e reparado. Dentro da LEI.


Ah, antes que me esqueça: este post poderia se chamar, também, Pequeno Ensaio sobre a Mesquinhez Humana...
*