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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A mídia é o câncer do Lula



Esse câncer é incurável. E devastador. Não há quimioterapia, radioterapia, cirurgia que resolvam. Oito anos de um governo extraordinário de nada adiantaram.


É o câncer do preconceito, da tacanhice, da ignorância, da estupidez humana. Incrustado no jornalismo de esgoto da "grande" imprensa brasileira.


A seguir, artigo do jornalista André Rosa a respeito do câncer midiático, que acometeu Lula há mais de 30 anos.



A imprensa e (é) o câncer do Lula*


Lula já passou por tudo na vida. Nasceu no berço da miséria, viajou treze dias num pau-de-arara. Trabalhou como engraxate, tornou-se torneiro mecânico e um acidente de trabalho lhe amputou um dedo. Viu sua primeira mulher morrer, foi preso político e na cadeia não acompanhou a morte de sua mãe, dona Lindu. Sofreu o preconceito dos ricos e da classe média. Concorreu quatro vezes à presidência e quando lá chegou enfrentou a tentativa dos poderosos de tirá-lo do poder a qualquer custo. Em todas as situações resistiu. Liderou as greves dos metalúrgicos no ABC paulista durante a ditadura militar, construiu um partido de esquerda e ajudou a transformá-lo no maior da América Latina. Foi reconhecido como o melhor presidente que o Brasil já teve e transformou-se em liderança mundial.



Certamente não será o câncer de laringe que irá derrubá-lo. Lula tira da sua própria história pessoal, da sua luta para viver e sobreviver, a força para enfrentar e vencer mais esta dificuldade que a vida lhe impôs. E a esperança mais uma vez vai vencer o medo.


O mais revoltante nisso tudo é o tratamento dispensado pelas grandes empresas de comunicação e seus comentaristas de boteco num momento que deveria ser de solidariedade ao ex-presidente. Logo depois do anúncio da doença, no sábado, diversos veículos de imprensa, em especial portais na internet, buscaram “analisar” a conjuntura sem o Lula. Para os mais atentos, foi possível perceber que logo após a divulgação da notícia, vinham comentários esdrúxulos, irreais e desrespeitosos. Um analista chegou a afirmar que a doença de Lula iria modificar completamente a vida política no Brasil já a partir de 2012. Apostava ele no crescimento da oposição e na saída do ex-presidente de cena. Uma afirmação sem pé nem cabeça feita por um comentarista de boteco desejoso de que o ex-presidente não se recupere e rume para a sua angústia final. Esta seria a oportunidade, na cabeça do analista, para a elite voltar ao poder.


Tão ou mais revoltante do que os comentários, foram as afirmações de militantes da elite nas redes sociais. Aqueles mesmos que no ano passado disseminaram o ódio e o preconceito contra a esquerda buscando eleger José Serra, representante brasileiro do Tea Party. São também os mesmos que aplaudem o assassinato de moradores de rua, o espancamento de gays, lésbicas, negros e mulheres. Para eles, a morte de Lula seria a melhor solução.


Lula tem um câncer de laringe, de agressividade média e cerca de três centímetros, o qual irá tratar durante os próximos meses. Para a decepção de alguns, não morrerá e nem sairá da política. Continuará ajudando a construir um Brasil cada vez melhor para os brasileiros e lutando para mudar a vida das pessoas no mundo inteiro através da sua influência e liderança.


O maior câncer de Lula não é o da laringe, que é reversível e curável. A parcela considerável da imprensa que representa os interesses de uma elite retrógrada e conservadora é o maior câncer. Não somente do Lula, mas de toda a sociedade.


* André Rosa, no Contraversando


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