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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Marcha dos Golpistas



O discreto charme dos “Cansados” de São Paulo



Ontem estive na Paulista para tratar de um assunto no SESI e me deparei com aquela turma do “Movimento Cansei” preparando o bloco para “se manisfestar” em frente ao MASP.
Os organizadores dizem que não pertencem a nenhum partido político e, estrategicamente, não se identificam como os ridículos “cansados” de 2007. Mas eram eles, sim. A maioria. Bastava olhar para as roupas, os óculos escuros de grife, os iPhones, Tablets, filmadoras, notebooks… Todos gravando imagens para publicar no Youtube… De apolíticos, havia duas ou três dúzias de crianças e adolescentes misturados a eles. Todos com cara de peixe fora d´agua, curtindo uma onda diferente…
Parei e fiquei observando. Não havia negros ou mulatos. Não havia ninguém que sequer lembrasse um operário. Será que essa gente nunca vai aprender que o Brasil é MUITO maior do que o bairro deles?
Eram umas 300 pessoas divididas em pequenos grupos, cada um deles cuidando do seu “kit-manifestação”. O resto era transeunte ou curioso passeando em dia de feriado ensolarado. Retoca a faixa aqui, a pintura no rosto ali, muitos cartazes com as palavras de ordem que o PiG repercutiria mais tarde e, claro, alguns repórteres fazendo a cobertura do “grande evento”.
Era bem provável que a maioria dos participantes morasse nas imediações. Afinal, o MASP fica em frente aos bairros classe média alta dos jardins. Será que se deslocariam até a zona leste para fazer essa manifestação “apartidária”? Afinal, como alguns gritavam, “São Paulo é do povo”, “ O povo unido jamais será vencido”. Por que então não se aproximam do POVO da zona leste, das favelas da periferia?
Não sei como foi essa coisa em Brasília. Mas esses aí eu conheço há mais de 40 anos. São aqueles que odeiam povo viajando de avião, nordestino comprando casa em São Paulo através do Minha Casa, Minha Vida, amigos solidários dos covardes agressores de gays e outras minorias e – é bom lembrar bem – são SEPARATISTAS. Usariam o Brasil para eleger Serra e, a partir daí, seu ideal seria “livrar” São Paulo deste mesmo Brasil.
Me aproximei mais e caminhei entre eles tentando encontrar algum rosto conhecido (sim, conheço gente que não vota no PT!). Nada, ninguém conhecido. Uma mulher com um pacote de panfletos na mão e com ares de pertencer à comissão organizadora do evento se aproximou de mim e me deu o folheto.  Percebi que ela queria me “enturmar com a galera”…
– Você veio participar da manifestação? – perguntou-me de forma quase maternal.
Embora já soubesse do teor, li rapidamente o conteúdo do panfleto e lá estava o que mais denunciava as verdadeiras intenções dos organizadores:
Um dos itens, colocado como “reivindicação” pedia “cadeia para os mensaleiros”. Quais mensaleiros? Deixa eu adivinhar: aqueles que foram acusados, julgados e condenados pelo PiG em 2005, à partir da denúncia de Roberto Jefferson tão desprovida de provas que o próprio Jefferson viria a negar tudo e chamar sua denúncia de “retórica sem fundamento” em setembro de 2011? Negativa que certamente os “cansados” nem ouviram falar – já que o PiG escondeu? (veja aqui)
– A quais mensaleiros vocês estão se referindo? – provoquei.
– Delúbio, Zé Dirceu… o Congresso Nacional está cheio de corruptos! E como se fosse me contar um segredo ou pronunciar algum palavrão, aproximou-se com intimidade que não lhe concedi em momento algum e sussurrou: “Lula, Dilma”…
Movimento apartidário… sei. A mulher já se preparava para desembuchar argumentos que leu no PiG quando lhe devolvi o panfleto com desprezo. Deixei-a falando sozinha e saí andando. Já estava cansado dos cansados. Ainda pude ouvi-la perguntando: “Você é petista?” Quase voltei para responder: “Por que? Quem não é da sua turma é necessariamente petista?
Saí de lá imaginando os esquemas. A mídia divulga e amplifica. As câmeras da Globo fecham neles preenchendo a tela de gente. Assim, é possível fingir que está lotado e informar qualquer número de presentes. Mas a Globo não vai entrar nessa enquanto não sentir firmeza. Já bastou o mico da bolinha de papel…
Se a coisa engrena e o povão entra junto… Mas pera lá! O mundo está desmoronando em crise financeira e o Brasil na contramão, assobiando uma valsa. Acham mesmo que trarão o povo para as ruas para derrubar a presidenta Dilma? O povo foi às ruas impichar Collor porque o cara simplesmente confiscou a grana de todo mundo. Bem ou mal, nos últimos anos nossa situação (e principalmente do povão) é exatamente oposta.
É claro que muita gente compareceu com a melhor das intenções. Principalmente os mais jovens. É claro também que o governo de São Paulo jamais permitirá que qualquer CPI vá adiante sobre a denúncia do deputado Roque Barbieri – PTB - por exemplo. Ou a do Rodoanel, da Alstom… Sabe-se que centenas de CPIs foram engavetadas nos últimos 20 anos em São Paulo. Mas até quando os golpistas do “Cansei” travestidos de “Marcha contra a corrupção” vão conseguir esconder seu propósito real?
Em tempo, para relaxar, deixo dois vídeos que valem pelo humor:


Marchas Contra a Corrupção



Assino embaixo o post de hoje do jornalista e blogueiro André Lux, em seu blog Tudo Em Cima


Fiquemos todos atentos aos eventuais "interesses inconfessáveis" por trás de tais marchas...


O que eu penso sobre as "Marchas Contra a Corrupção"

Que as marchas façam alusão corajosa aos corruptores da iniciativa privada, aos sonegadores, aos esquemas de lavagem de grana, à evasão de divisas por parte de igrejas. Que as marchas tratem da corrupção no judiciário, no Ministério Público, no Tribunal de Contas da União, nas polícias e também da corrupção praticada pelo cidadão comum, sobretudo aquele que quer privilégios e não direitos. Que as marchas abordem a corrupção em sua complexidade, sem restringi-la a governos ou partidos.


Feriado: marchas contra a corrupção



Desnecessário dizer que esta blogueira e o blog Abra a Boca, Cidadão!, de alma ativista, são inteiramente favoráveis a toda manifestação pacífica, equilibrada, dentro da legalidade, que proteste e denuncie as mazelas da vida pública brasileira, sobretudo este câncer chamado Corrupção. E que estes protestos sejam feitos contra os três poderes da República.


Ao mesmo tempo, a blogueira vê com reservas movimentos que se dizem apartidários e podem estar sendo usados por forças políticas de oposição e da mídia golpista para desestabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff ou enxovalhar o Parlamento, abrindo brechas para um retrocesso institucional.


Vamos combater, sim, todo e qualquer ilícito nos negócios públicos, nos três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - e nos três níveis da administração: federal, estadual e municipal. Mas fiquemos atentos quanto a qualquer enganação.


Abaixo, um retrospecto do dia de ontem e das marchas contra a corrupção em todo o País.



Segunda Marcha Contra a Corrupção ganha novos temas

Movimento convocou protestos em 25 cidades em 18 estados no país.
Organizadores em Brasília planejam ONG para manter mobilização.

Do G1, em Brasília
A segunda onda de protestos popularizada como Marcha Contra a Corrupção conseguiu mobilizar, novamente, milhares de manifestantes em várias capitais. Embora menos numerosa que a primeira edição, realizada no Sete de Setembro, a mobilização desta quarta-feira (12), feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, ganhou novos temas.


Protestos foram convocados em ao menos 25 cidades de 18 estados em todas as regiões do país, principalmente articuladas nas redes sociais e blogs. Organizadores já planejam uma ONG para nacionalizar o movimento.
Em Brasília, que concentrou o maior número de pessoas – entre 7.000 e 10.000, segundo estimativas da Polícia Militar – os manifestantes levaram à Esplanada dos Ministérios novos temas.


Além da validação da Lei da Ficha Limpapara as eleições de 2012 e o fim do voto secreto nas votações do Congresso, houve também protesto contra uma eventual limitação dos poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão criado para fiscalizar os juízes.


Ainda neste mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar ação proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que visa a limitar o raio de investigação do CNJ. Ainda neste ano, o STF também julga a validade da Ficha Limpa. Já a discussão sobre o fim do voto secreto foi retomado no Congresso após a absolvição da deputada Jaqueline Roriz(PMN-DF).

Em Brasília, manifestantes usaram fantasias para protestar contra impunidade. Na foto, jovem caminha em direção ao Congresso como o personagem "V". (Foto: Nelson Antoine/Fotoarena/AE)
Em Brasília, manifestantes usaram fantasias para protestar contra

impunidade. Na foto, jovem caminha em direção ao Congresso

como o personagem "V". (Foto: Nelson Antoine/Fotoarena/AE)


Segundo um dos líderes do Movimento Contra Corrupção (MCC), Walter Rodrigues, o objetivo é que as manifestações adquiram um caráter nacional. 
Na próxima semana, eles irão discutir a possibilidade de transformar o MCC em uma ONG.
"Vamos fazer uma videoconferência com os representantes das cidades na próxima quarta ou quinta-feira para discutir como nacionalizá-lo", disse.
Pelo País
Em São Paulo, a marcha se concentrou novamente na avenida Paulista, iniciada em caminhada a partir do Museu de Arte de São Paulo (Masp) por volta das 14h. Estimativas da Polícia Militar apontavam para a presença de 2.000 pessoas. Durante a mobilização, um homem foi preso por suspeita de quebrar o vidro de uma lanchonete Mc Donalds e de um banco. Na rua da Consolação, um grupo de punks com máscaras e panos enrolados no rosto se partiu para cima de outros manifestantes e da imprensa. No tumulto, uma mulher de 64 anos cortou o queixo ao cair na calçada.
No Rio de Janeiro, 2.000 pessoas caminharam pela orla de Copacabana, na Zona Sul, segundo a Polícia Militar.
marcha contra corrupção (Foto: Mauro Pimentel/AE)

      Marcha Contra a Corrupção se concentrou na orla de Copacabana
                                                            (Foto: Mauro Pimentel/AE) 

Em Belo Horizonte, a manifestação se concentrou na praça da Liberdade, região nobre da cidade e próxima à antiga sede do governo estadual. Segundo a PM, 200 pessoas apareceram. Manifestantes pediram ainda o imediato julgamento dos acusados de crimes no esquema do mensalão e a devolução aos cofres públicos de dinheiro comprovadamente desviado por políticos corruptos.


Em Goiânia, onde o governo contabilizou cerca de 1,2 mil pessoas, a marcha atraiu estudantes universitários, professores, profissionais liberais e donas de casa. A maioria foi vestida de preto e percorreu 4 km no centro da cidade.


Em Curitiba, cerca de 500 pessoas partiram da Universidade Federal do Paraná (UFPR) até ruas do Centro Histórico e foram até o Centro Cívico. Estudantes mascarados se misturaram com aposentados, caras-pintadas e ativistas. Não havia sequer uma bandeira de partido político. Durante a passeata, alguns moradores jogaram água nos manifestantes.


Em Salvador, a marcha percorreu o circuito Barra-Ondina, famoso por receber os trios elétricos de Carnaval. Cerca de 800 pessoas apareceram, com bandeiras, apitos, narizes de palhaço e caras pintadas. Entre jovens e crianças, foram vistos também juízes e advogados.


Em Recife, a marcha levou cerca de 300 pessoas à avenida Boa Viagem, ao som de apitaço e palavras de ordem. Várias mães aproveitaram o feriado, quando também se comemora o Dia das Crianças, para levar os filhos pequenos.


Em Fortaleza, trio-elétricos animaram a caminhada ao som de canções engajadas como "Brasil", de Cazuza, e "Para Não Dizer que Eu Não Falei de Flores", de Geraldo Vandré. Na capital cearense, estudantes expressavam revolta contra o que ficou conhecido como "escândalo dos banheiros", esquema de desvio de dinheiro destinado a construção de banheiros populares que, segundo o Tribunal de Contas do Estado, chegou a um rombo de R$ 16 milhões.


Em João Pessoa, o público se concentrou no Busto de Tamandaré, e caminhou pela orla da praia. A mobilização foi organizada por entidades locais ligadas à advocacia e à imprensa.